terça-feira, 16 de outubro de 2007

Caça as bruxas leva à obra-prima

Christ on Concrete, Give us this day e Salt to the devil, foram todos este os títulos que o esta obra-prima do cinema é conhecida. Traduzimos como passou no Brasil há 50 anos atrás sem tanto alarde da mídia: O Preço de uma vida.
Dirigido por Edward Dmytryk, O Preço de uma vida foi realizado na época de caça às bruxas nos EUA: a época do marcatismo onde vários artistas foram perseguidos por terem opiniões contrárias ao Governo Americano. Fazendo parte da lista negra, Dmytryk resolveu filmar a história na Inglaterra, com toda coragem. Muitos cineastas na época usavam pseudônimos para realizar obras. Dmytrik não quis isso. Seu nome está estampado acima do título do filme no crédito inicial, assim como também o de seu seu roteirista Ben Barzman.
O filme é uma produção feita com poucos recursos, entretanto de maneira tão artística que revista hoje, é considerado por muitos como a obra-prima de Dmytryk. Com traços do neo-realismo italiano e do cinema noir americano, o filme é baseado numa novela de Pietro di Donato e conta a história de um homem e de sua família que vindos da Itália, tentam sobreviver nos EUA durante a época da depressão.
Nem tanto pela sua história, mas mais pelas pessoas envolvidas no projeto, o filme foi perseguidos pelos censores e distanciado do público. A própria história de Dmytryk, que posteriormente denunciou alguns colegas para continuar fazendo filmes nos EUA, demonstra a dificuldade de estabelecer uma verdade para este filme, que a Lume Filmes orgulhosamente lança para o mercado brasileiro de DVD. Uma obra-prima bela, capaz de emocionar e chocar.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Stroyzek é obra maior de cineasta inovador

Werner Herzog meio que caiu no limbo. Um dos principais, se não o principal, cineasta alemão de sua geração, é hoje um criador respeitado, mas não idolatrado. Talvez pela irregularidade de seus lançamentos e o não convívio com o sucesso de público. Nos anos 70, ele, junto com Fassbinder e um jovem Wenders, era um dos pensadores maiores do cinema não só alemão, mas mundial. Filmes como Aguirre, Cólera dos Deuses e principalmente O Enigma de Kaspar Hauser, fizeram de Herzog um grande nome da Sétima Arte.
Stroyzek é o seu primeiro filme rodado, mesmo que parcialmente, nos EUA. E é um dos mais estranhos já realizado pelo diretor. Aqui ele acompanha o intinerário de um looser alemão, saído da cadeia, que acompanhado da amante prostituta e de amigo idoso esquizofrênico, vão para os EUA com a pretenção de ganhar dinheiro e viverem bem.
Stroyzek é inesperado e mistura com habilidade, humor e doses de tristeza. Bruno S. que havia antes protagonizado Kaspar Hauser, demostra ser não um ator, mas um ser humano versátil e notável, pois sua interpretação é naturalista ao extremo. Ele, na realidade, tinha os mesmos problemas psicológicos do personagem. O acordeão de seu personagem é o seu. As roupas são suas. E não foi só ele. Herzog construiu todo seu filme com intérpretes que não eram atores profissionais e que interpretam quase que a si mesmos. Tudo muito verdadeiro e por isso mesmo, muito comovente e original. Há muito o que pensar sobre Stroyzek. E sem dúvida, esse é o maior papel da arte cinematográfica. Stroyzek sairá pela Lume Filmes em fevereiro, com uma linha de áudio com os comentários de Herzog.

Underground já tem material gráfico pronto e autoração realizada

Underground de Emir Kusturica, ganhador da Palma de Ouro no Festival de Cannes 1995, será o primeiro lançamento da Lume Filmes para 2008. O filme para quem não viu é uma fábula política cheio de humor e poesia. Um grupo de pessoas ficam presas em um subsolo pois acha que a Guerra continua. Isso porque duas pessoas os enganam para extorquir dinheiro para comprar armas para o tráfico.
Kusturica já havia realizado outros grandes filmes como Vida Cigana e Quando Papai Saiu em Viagens de Negócios, mas foi com Underground que ele se tornou referência no cinema europeu contemporâneo.
Underground é mais uma prova de que a Lume Filmes pretende continuar a lançar grandes filmes em material bem cuidado. O filme será lançado com outro cult inédito no Brasil que dará muito o que falar: o primeiro longa-metragem do gênio David Lynch, Eraserhead. Ambos sairão em janeiro! Para Eraserhead, falaremos mais à frente.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Madre Joana dos Anjos e Filhos de Hiroshima já estão sendo distribuidos

Já em diversas locadoras e lojas os DVD´s deste mês da Lume Filmes. É o início da Coleção Lume Clássicos que terá pela frente uma seleção dos melhores filmes do cinema mundial de todos os tempos. O diferencial da Coleção é que será composta por filmes importantes mas muitos deles desconhecidos do público brasileiro ou esquecidos pela descaso da memória coletiva.
Filhos de Hiroshima é inédito em DVD no mundo todo e foi realizado em 1952 logo após a Segunda Guerra mundial e tem como cenário real, os escombros da cidade de Hiroshima. Poético e rigoroso filme foi dirigido por Kaneto Shindô e é uma lição do bom cinema oriental clássico.
O outro filme é o sensacional Madre Joana dos Anjos de Jerzy Kawalerowicz. Transcrevo abaixo o que o crítico Ricardo Calil no revista Bravo de setembro falou dele:
"Difícil entender por que esta obra-prima do cinema aparece com tão pouca freqüência na lista dos melhores filmes da história. Talvez porque o polonês Kawalerowicz não tenha conseguido realizar depois outro trabalho à altura e tenha sido esquecido pela maioria dos cinéfilos. Madre Joana dos Anjos acompanha um padre (Voit) convocado a um convento para exorcizar uma religiosa (Winnicka) possuída por oito demônios. Com cenas de enorme rigor formal e uma história que mistura fi lme de terror e reflexão metafísica, Madre... não deve nada aos melhores momentos do cinema em sua época. Não seria um sacrilégio dizer, por exemplo, que ele é superior a O Sétimo Selo (1957), de Ingmar Bergman."
Para os próximos lançamentos da Coleção Lume Clássicos o belo Yasujiro Ozu - Pai e Filha, o desconhecido e neo realista Edward Dymitric - O Preço de uma Vida, o policial noir de Kurosawa - O Anjo Embriagado, o sensacional e fantasmagórico Kengi Mizigotu - Contos da Lua Vaga e ainda George Cukor, Otto Premminger, Joseph Losey, Luis Bunuel entre outros...